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Uma parcela da população mundial convive com esse “inimigo invisível” capaz de provocar sérios danos à saúde, diz OMS



Úlcera péptica é uma lesão no revestimento do estômago, no duodeno ou, raramente, na parte final do esófago. Uma úlcera no estômago denomina-se úlcera gástrica, enquanto que uma no duodeno se denomina úlcera duodenal.

Os sintomas mais comuns são acordar de noite com dor na parte superior do abdómen ou dor na parte superior do abdómen que melhora ao comer. A dor é muitas vezes descrita como ardor ou dor ligeira constante.

Entre outros possíveis sintomas estão a eructação, vómitos, perda de peso ou perda de apetite. Cerca de um terço das pessoas não manifesta sintomas. Entre as possíveis complicações estão a hemorragia gastrointestinal, perfuração gastrointestinal e obstrução da saída gástrica. Cerca de 15% das pessoas apresentam hemorragia.

As causas mais comuns são a bactéria Helicobacter pylori e os anti-inflamatórios não esteroides. Entre as outras possíveis causas está o fumar, o stresse, a doença de Behçet, a síndrome de Zollinger-Ellison, a doença de Crohn e a cirrose hepática.

As pessoas idosas são mais sensíveis aos efeitos dos anti-inflamatórios não esteroides. O diagnóstico pode ser suspeitado com base nos sintomas e confirmado com endoscopia ou ingestão de bário.

A presença de H. pylori pode ser confirmada com análises ao sangue que detectam a presença de anticorpos, com um teste rápido da urease. O teste de urease é realizado durante a endoscopia digestiva alta, para verificar a presença da bactéria Helicobacter pylori, associada à gastrite, esofagite e duodenite, úlceras, câncer e linfoma do estômago.

Quando positivo, o teste significa que a bactéria está presente., com exames às fezes para observar sinais da bactéria ou com uma biópsia do estômago. Entre outras doenças que produzem sintomas semelhantes à úlcera péptica estão o cancro do estômago, a doença arterial coronária, a inflamação do revestimento do estômago ou cálculos na vesícula.

A dieta não tem um papel definitivo, nem na causa nem na prevenção de úlceras. O tratamento consiste em deixar de fumar, deixar de tomar anti-inflamatórios não esteroides, deixar de ingerir bebidas alcoólicas. Os medicamentos usados são geralmente um inibidor da bomba de próton ou um antagonista do receptor H2 ao longo de quatro semanas recomendadas de tratamento inicial.

As úlceras causadas por H. pylori são tratadas com uma combinação de medicamentos como a amoxicilina, claritromicina e um inibidor da bomba de próton. Como a resistência antibiótica está a aumentar, o tratamento com antibióticos nem sempre é eficaz.

As úlceras hemorrágicas podem ser tratadas com cirurgia por endoscopia, sendo usada cirurgia aberta apenas nos casos em que a endoscopia não foi eficaz.
  

As úlceras pépticas afetam cerca de 4% da população. Em 2013 ocorreram cerca de 53 milhões de novos casos. Cerca de 10% das pessoas desenvolve uma úlcera péptica em determinado momento da vida. A doença foi a causa de 301,000 mortes em 2013, uma diminuição em relação às 327 000 mortes em 1990.

A identificação da H. pylori como causa das úlceras pépticas foi feita por Barry Marshall e Robin Warren em finais do século XX,uma descoberta pela qual lhes foi atribuído o Prémio Nobel de Medicina em 2005.

Os cientistas australianos Barry J. Marshall e J. Robin Warren ganharam na segunda-feira 03 de outubro de 2005, o prêmio Nobel de Medicina por terem provado, apesar do ceticismo da comunidade científica, que as úlceras estomacais têm origem bacteriana e podem ser tratadas com antibióticos, declarou o júri do Nobel no Instituto Karolinska de Estocolmo.


Barry J. Marshall, nasceu em Kalgoorlie, oeste da Austrália, e é pesquisador do Centro Médico QEII em Nedlans.

J. Robin Warren, nasceu em Adelaide, sul da Austrália, e atualmente vive em Perth, onde trabalhou como patologista no Hospital Real até 1999.

Os trabalhos dos dois cientistas, iniciados em 1982 em Perth (oeste da Austrália) jogaram por terra os dogmas sobre estas doenças.

Para demonstrar a validade de sua teoria de que a bactéria "Helicobacter pylori", que eles identificaram, poderia causar as úlceras, em 1985 Marshall chegou a ingeri-la, caindo muito doente.

Os cientistas australianos "fizeram a destacada e inesperada descoberta de que tanto a inflamação do estômago (gastrite) quanto a úlcera de estômago ou duodeno (...) são resultantes de uma infecção causada pela bactéria Helicobacter pylori", destacou o júri.

As úlceras estomacais são das doenças mais comuns da humanidade e, em muitos casos, podem causar o câncer de estômago.

"Graças às descobertas pioneiras de Marshall e Warren, a úlcera peptídica não será mais uma doença crônica, que com freqüência gerava incapacidade, mas uma doença que pode ser curada com um breve regime de antibióticos e inibidores de secreções ácidas", disse o júri em suas considerações.

Antes da descoberta da bactéria, em 1982, o estresse e o estilo de vida eram considerados as principais causas da úlcera, mas atualmente estabeleceu-se com certeza que a "Helicobacter pylori" causa mais de 90% das úlceras de duodeno e até 80% das úlceras gástricas.

Atualmente, as úlceras gástricas não precisam praticamente de tratamento cirúrgico, mas embora os cânceres de estômago tenham diminuído sensivelmente nos últimos 50 anos, continuam sendo a segunda forma de câncer mais mortal do mundo.

A Assembléia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo saudou os dois cientistas "por sua notável e inesperada descoberta".

"Obrigado a todos! No momento não dou conta dos telefonemas de cumprimentos que chegam de todas as partes do mundo", disse Barry Marshall em seu site na Internet.

As primeiras reações à notícia do Nobel de Medicina foram de entusiasmo em todo o mundo.

No Reino Unido, Lorde May de Oxford, presidente da Royal Society, declarou que "o trabalho de Barry Marshall e Robin Warren produziu uma das mudanças mais radicais e importantes dos últimos 50 anos".

Ao lembrar que Marshall tinha inoculado a bactéria para calar os céticos, Lorde May estimou que "este ato extraordinário havia demonstrado o seu compromisso excepcional e sua dedicação com a pesquisa".

Na França, o professor de bacteriologia Francis Megraud, da Universidade de Bordeaux (sudoeste), encarregado pelo centro nacional francês de referência para esta bactéria, disse que "não há muitas descobertas médicas como esta que tenham tido tanto impacto na vida das pessoas".

Segundo Megraud, "a doença das úlceras está em vias de desaparecer" nos países desenvolvidos.

A "Helicobacter pyroli", só existente em humanos, vive nos estômagos da metade das pessoas, mas a proporção é maior nos países em desenvolvimento, "onde virtualmente qualquer um pode ser infectado", segundo o júri do Nobel.

A infecção é contraída com maior freqüência na infância, sobretudo por causa da transmissão mãe-filho, e a bactéria pode permanecer no estômago pelo resto da vida da pessoa.

Muitas pessoas não apresentam sintomas da infecção, mas de 10 a 15% desenvolvem úlcera em algum momento. Em casos agudos podem ocorrer perfurações e hemorragias e alguns indivíduos chegam a desenvolver câncer.

A identificação da bactéria por Marshall e Warren tornou possível uma grande quantidade de pesquisas em áreas correlatas, sobretudo sobre outras inflamações crônicas.

"A descoberta da 'Helicobacter pylori' permitiu uma melhor compreensão das conexões entre infecções crônicas, inflamação e câncer", informou o júri em sua ata.

O Nobel de Medicina, dotado de uma medalha de ouro e de uma quantia em dinheiro, é concedido pelo comitê do Instituto Karolinska da capital sueca, um dos maiores hospitais e centro de pesquisas da Europa.
  

Contaminação e Tratamento:

Estudos apontam que metade da população mundial conviva com a H. Pylori no estômago. No Brasil o número pode chegar a até 70%. No entanto, em apenas 1% dos casos a bactéria pode evoluir para câncer de estômago. O H. Pylori positivo apenas indica que a pessoa tem uma chance maior de desenvolver a doença.

A bactéria Helicobacter Pylori, popularmente conhecida como H. Pylori, aumenta a produção ácida do estômago ao mesmo tempo em que reduz a proteção natural da mucosa, o que deixa o órgão fragilizado e mais propenso a lesões, abrindo portas para condições como gastrite e úlcera.

A transmissão da H. pylori é por meio do contato direto com vômitos ou fezes infectadas ou pelo consumo de água ou alimentos contaminados. A maioria das infecções ocorre na infância, especialmente em ambientes com condições precárias de higiene e saneamento.

O diagnóstico pode se dar com exame de sangue, com a detecção de gás carbônico marcado com isótopos radioativos na expiração, com exame de fezes ou por meio de uma endoscopia, que colhe fragmentos da mucosa gástrica para análise.

O tratamento contra a bactéria H. Pylori normalmente envolve o uso de medicamentos antimicrobianos e inibidores de bomba de prótons (IBP) para reduzir a acidez gástrica. Os cuidados podem ser estendidos por até 14 dias e costumam ter 80% de eficácia.

Leia também: Uso excessivo de omeprazol e outros fármacos para gastrite podem causar anemia, osteoporose, demência e ate câncer de estômago


Fontes: noticias.uol/wikipedia/vix.com